minha mãe comunicava que alguém lhe dissera sobre meu pai querer nos fazer uma visita. um precioso e único presente. papai viria de muito longe nos visitar. a idéia, à minha mãe, era assustadora. mas eu queria tanto! tudo em mim brilhava com a possibilidade de aquilo nos acontecer.
a casa era A casa. a de sempre. a verdade. de repente estávamos mamãe e eu na garagem. a porta escancarada, assim como a da rua - que se avistava, portanto, da própria garagem.
ansioso com a novidade, eu ouvia mamãe falar - nervosa. ela pronunciou algo, e, imediatamente depois, eu pude ouvir a voz do meu pai num rápido som. perguntei se ela também o percebera, mas sua resposta foi negativa. chamei por ele, agitado! quis trazê-lo! mamãe me disse mais alguma coisa, e novamente eu ouvi a voz de papai, agora dizendo o nome dela, uma palavra só, de novo fugaz. mamãe não conseguia ouvir. olhei na direção da rua. finalmente vi o meu pai. ele nos olhava - congelado. tudo se fez iluminar. mas ele calmamente virou-se, enquanto se transfigurava num desconhecido, e continuou a passar por nosso portão, e passou.
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Um comentário:
Gustavo,
Gostei muito deste texto e de vários outros do blog. Vejo em você um escritor que vale a pena ser lido.
Abs,
Alexandre Roque
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