sábado, 29 de maio de 2010

no espaço circunvizinho

fazia a curva de sempre na rua para entrar no meu prédio. meu amigo rodolfo inusitadamente estava no carro comigo. olhei à minha diagonal esquerda e o tempo se esticou no que eu avistei o porteiro conversando com meu pai - que se sentava à beira da jardineira do muro do prédio. a lembrança inevitável de que ele já morreu. o comentário de rodolfo de que

então ele está por aqui (movimentando o dedo indicador como quem aponta o espaço circunvizinho).

e eu a fitar o meu pai de dentro do carro como uma câmera lenta e zoom na direção do seu rosto. já esperava o momento em que a imagem se desmancharia. e o rosto virou um outro.

mas o desejo de que ele esteja por aqui